IA e Sustentabilidade: por que ainda não sabemos o real custo ambiental da inteligência artificial?
- Celso Junior
- 9 de jul.
- 2 min de leitura

A inteligência artificial já faz parte do nosso cotidiano — e, ao mesmo tempo em que revoluciona setores, levanta uma pergunta urgente: qual é o verdadeiro custo ambiental dessa tecnologia? Embora empresas como OpenAI, Google e Microsoft investam bilhões, a maioria dos dados sobre consumo energético e emissões de carbono ainda é mantida em sigilo.
1. O número misterioso: 0,34 watt-hora por consulta
OpenAI afirma que uma consulta média ao ChatGPT consome cerca de 0,34 Wh — o que, à primeira vista, parece insignificante. No entanto, esse valor é insuficiente sem contexto: não sabemos quais tipos de uso foram considerados, se imagens estão inclusas, nem os custos reais de treinamento e refrigeração.
2. A falta de transparência é o maior culpado
Dados levantados em maio de 2025 mostram que 84% dos modelos de IA mais usados não divulgam nenhuma informação ambiental. Isso significa que, na prática, temos modelos consumindo energia sem que possamos compará-los ou entender seu impacto.
3. A enorme variação entre modelos
Estudos independentes mostram que, entre modelos de código aberto, o consumo por consulta pode variar até 62.000 vezes, dependendo da arquitetura e do sistema de infraestrutura. Modelos complexos exigem GPUs mais potentes e energia extra para refrigeração, agravando ainda mais o impacto .
4. Consequências ambientais reais
A energia consumida por IA já representa até 20% do consumo global de data centers, podendo aumentar para 50% ainda em 2025. As emissões crescentes também dificultam metas de neutralidade de carbono de grandes empresas — o Google, por exemplo, viu um aumento de 48% em suas emissões desde 2019, em grande parte impulsionado pela expansão da IA .
5. O que deve mudar
Transparência obrigatória: exigência de divulgação de consumo e emissões por modelo.
Métricas padronizadas: para permitir comparações claras.
Uso inteligente de modelos: priorizar versões mais leves para consultas simples — ou seja, IA “sob demanda”.
Infraestrutura sustentável: data centers mais eficientes e uso de energia limpa.
Enfim
A revolução da IA é poderosa — mas sustentável só será se entendermos e regulamos seu impacto. Sem transparência, continuaremos navegando em um "apagão invisível" do consumo energético. Chegou a hora de exigir clareza — afinal, como decidir se vale a pena usar algo que ninguém sabe o custo real de manter?
Fonte: Wired | Financial Times


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